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Em dezembro de 2023, a cimeira do clima no Dubai, conhecida como COP28, foi concluída com um impulso para abandonar a dependência dos combustíveis fósseis e optar por fontes de energia mais limpas. A cimeira revelou dois compromissos: um compromisso viável, endossado por 123 nações e incorporado no acordo COP28, centrado nas energias renováveis e na eficiência, e um segundo compromisso, mais ambicioso, sobre a energia nuclear, que só obteve o apoio de 25 países.
Explorando dados históricos, fica claro que é altamente improvável alcançar um aumento de três vezes na geração de energia nuclear até 2050. O "Relatório sobre a Situação da Indústria Nuclear Mundial (WNISR2023)" observa que a atual capacidade nuclear global é de 365 gigawatts (GW) em julho de 2023. Alcançar a meta de quase 1,1 terawatts (TW) dentro de 27 anos exigiria um crescimento sem precedentes.< p>
Olhando 27 anos para trás, até 1996, a capacidade nuclear global era ligeiramente inferior, de 344 GW. Desde então, o crescimento tem sido mínimo, com uma média de apenas 800 megawatts (MW) por ano. Este ritmo sugere que, até 2050, poderemos ver apenas um aumento para 386 GW, muito aquém da ambiciosa meta estabelecida pelos compromissos climáticos internacionais.
Além disso, a participação da energia nuclear na produção global de eletricidade tem diminuído, de 17,5% em 1996 para 9,2% em 2023, de acordo com o WNISR2023. Em contraste, as energias renováveis como a solar e a eólica aumentaram de 1,2% para 14,4% no mesmo período, apoiadas por reduções significativas de custos. Por exemplo, o custo para gerar energia solar e eólica nos EUA caiu 83% e 63%, respectivamente, de 2009 a 2023, enquanto os custos da energia nuclear aumentaram 47%.
Construir os reatores necessários para triplicar a capacidade nuclear seria astronomicamente caro. Os novos reactores custam cerca de 15 mil milhões de dólares por gigawatt, totalizando cerca de 11 biliões de dólares para os 730 GW necessários. Este número nem sequer leva em conta a substituição de reatores mais antigos que serão desativados.
Apesar destes desafios, alguns defensores da energia nuclear argumentam que avanços, como os pequenos reatores modulares (SMR), poderiam reduzir custos. No entanto, os SMR sofrem de falta de economias de escala, o que os torna mais caros por megawatt do que os reactores maiores. Dados históricos dos EUA mostram que reatores menores construídos antes de 1975 eram economicamente inviáveis e foram desativados precocemente.
Um exemplo do alto custo associado aos SMRs é o projeto abandonado NuScale em Utah, que foi projetado para custar US$ 9,3 bilhões por apenas 462 MW de capacidade. Isto sugere um custo de US$ 20 bilhões por gigawatt, significativamente superior às estimativas atuais para usinas maiores.
A tendência consistente de projetos nucleares excederem o orçamento e as estimativas de tempo complica ainda mais o quadro. Um estudo descobriu que quase todos os projetos nucleares analisados ultrapassaram o orçamento, com custos médios de 117% acima das estimativas iniciais.
M.V. Ramana, especialista na área, sublinha estes pontos, destacando os desafios financeiros e logísticos que tornam a energia nuclear uma solução impraticável para as alterações climáticas, em contraste com a economia mais favorável e a escalabilidade das fontes de energia renováveis.
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